22 de março de 2011

Mas nunca é possível fartar uma alma...



Não era tão fácil quanto parecia ser.

Era tanto que não sabia por onde começar.

Paralisava.

Por mais que tentasse, olhos e ouvidos não se fartavam.

Queriam mais.

A alma gritava. Clamava. Usava de tudo que estava ao alcance dos sentidos na vã tentativa de expressar-se.

Vã.

Não havia palavras para exprimir. E esta ausência lhe apertava o peito.

Não era tristeza.

Era um querer maior. Inexplicável.  Angustiosamente inebriante.

Corpo e sentido dissociavam-se num querer incontido.

Enquanto o corpo emudecia, os sentidos se viam mais despertos e sensíveis do que nunca.

Mas insistia.

Forçava a mente na tentativa de ordenar sentenças. Fazer-se entender. Esperançosa que isto aplacaria o tal desassossego.

Mas nunca é possível fartar uma alma.

Aos poucos entendia.

Era preciso aceitar.





Naiana Carvalho

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