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Naiana Carvalho
A palavra não deveria bastar?
Queria mesmo ter vivido naquela áurea época em que um aperto de mão e um fio do bigode se faziam necessários para selar quaisquer contratos.
Duas vias registradas e autenticadas em cartório.
Nem nos olhos podemos mais acreditar
- Ao menos em muitos deles.
Lembro de ouvir que “os olhos são as janelas da alma”
Será que a máxima ainda se aplica?
Só posso constatar que há pessoas feitas apenas por paredes.
- Sem portas
- Sem janelas
E a alma?
Enclausurada, sem possibilidade de passagem de luz, anuvia-se de tal modo que murcha
Não mais frutifica
Insípida
Perde a conexão com o coração.
Lágrimas tornam-se apenas lágrimas
- artimanha para convencer
Palavras tornam-se vãs
Não há mais verdade
E só há o que lamentar.
Queria mesmo ter vivido naquela áurea época em que um aperto de mão e um fio do bigode se faziam necessários para selar quaisquer contratos.
Crer nas palavras
Nas janelas ainda abertas
Deixar a luz entrar
Amando cada frestas
Quarando o coração ao sol
Porque para mim... faz-se preciso acreditar.
Naiana Carvalho
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