15 de abril de 2011

A espera.



Na janela.
Já era costume.
Buscava a mais confortável posição, alinhava o cotovelo na janela e, sobre a mão, repousava o queixo cansado.

Já há tantos anos repetia aquele mesmo ritual que chegava mesmo a esquecer, em dias mais nublados, o que estava a esperar.

Não tinha tempo para aventuras, 
                                     música ou poesias.
Não tinha tempo para conversas,
                              amores ou quaisquer venturas.

Precisava estar ali. 

À espera. 
À espreita. 

Não podia arriscar saindo de seu posto.  
E sonhava: Um dia ela chegaria.

Esperava a Vida. 
A Inspiração.
Esperava seu momento de brilhar chegar.

Desde criança ouvira que a Vida era bela, cheia de encantos e surpresas.
Sim! Valeria a pena esperar.
E enquanto esperava, fazia planos. Construindo frágeis castelos.
                                                                             
                                                                Sozinha.

Certos dias angustiava-se com a demora questionando se, por acaso, não haveria a Vida esquecido o encontro já marcado.
Mas mantinha-se firme.
Sempre ali.

À espera. 
À espreita.

Sempre sozinha.
Estava a guardar o melhor de si para a Vida.

E insistia engando-se a dizer para si: 


Sim! 
Valerá a pena esperar.





Naiana Carvalho

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