Na janela.
Já era costume.
Buscava a mais confortável posição, alinhava o cotovelo na janela e, sobre a mão, repousava o queixo cansado.
Já há tantos anos repetia aquele mesmo ritual que chegava mesmo a esquecer, em dias mais nublados, o que estava a esperar.
Não tinha tempo para aventuras,
música ou poesias.
Não tinha tempo para conversas,
amores ou quaisquer venturas.
Precisava estar ali.
À espera.
À espreita.
Não podia arriscar saindo de seu posto.
E sonhava: Um dia ela chegaria.
Esperava a Vida.
A Inspiração.
Esperava seu momento de brilhar chegar.
Desde criança ouvira que a Vida era bela, cheia de encantos e surpresas.
Sim! Valeria a pena esperar.
E enquanto esperava, fazia planos. Construindo frágeis castelos.
Sozinha.
Certos dias angustiava-se com a demora questionando se, por acaso, não haveria a Vida esquecido o encontro já marcado.
Sempre ali.
À espera.
À espreita.
Sempre sozinha.
Estava a guardar o melhor de si para a Vida.
E insistia engando-se a dizer para si:
Sim!
Valerá a pena esperar.
Sim!
Valerá a pena esperar.
Naiana Carvalho
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